“A Vida só se dá para quem se deu, para quem amou, para quem chorou para quem sofreu.” Vinicius
A linha que separa o sofrimento da felicidade é tão ténue que roça a inexistência. Quase como o prazer e a dor, a paixão e a saudade.
Rendo-me à gravidade, sento-me sobre o que tenho e o que sou, e nesse abraço quente de comunhão com o ventre descanso e sou feliz. Aí nada me perturba. A minha posição fetal é inabalável.
Nasci cruelmente arrancada. Sofri.
Os meus olhos foram-se habituando à luz, e acabei por descobrir mil cores, tonalidades que nunca antes tinha saboreado, poesias em forma de gente, de mar e de sol, catedrais verdes e melancólicas, lindas, puras.
Será que o meu verde é igual ao dos outros? Por vezes imagino que aprendi que o mar é azul, e o meu azul é tudo o que se aproxima da cor do mar. Mas e se eu vir o mar encarnado? Se o meu azul for o encarnado dos outros? Nunca vamos conseguir descobrir, porque os conceitos são idênticos, o conteúdo é que pode ser diferente!
O resto da minha Vida eu vou dizer que o mar é azul, que as plantas são verdes, que os dentes são brancos e o sangue encarnado, e se alguém vir o Mundo em tons diferentes tenho muita pena, porque o meu Mundo é lindo!
Quis agora encontrar-me, ver de cima quem ocupa o meu trono, esse ser superior que me ordena e a quem sou submissa. Eu mesma me sirvo e sou servida, sou rainha e escrava do meu castelo, em simultâneo.
Por vezes imagino que nasci com uma dor terrível que não consigo percepcionar. Só quando ela desaparecer é que vou compreender que vivi com ela até então. Como quando tenho, de facto, uma dor e só quando ela passa dou verdadeiro valor a não a ter. Assim é a minha Vida, cheia de experiências e pessoas maravilhosas, outras péssimas, e outras quantas nem boas, nem más.
Todas me tornam quem sou.
Mas e se todos os que me rodeiam desaparecessem? Quem sou sem tudo o que vivi? Quem sou eu fora do meu Mundo, das minhas pessoas e vivências? Quem sou eu na essência, antes de tudo o resto? Antes de mim mesma e de quem me tornei?
A linha que separa o sofrimento da felicidade é tão ténue que roça a inexistência. Quase como o prazer e a dor, a paixão e a saudade.
Rendo-me à gravidade, sento-me sobre o que tenho e o que sou, e nesse abraço quente de comunhão com o ventre descanso e sou feliz. Aí nada me perturba. A minha posição fetal é inabalável.
Nasci cruelmente arrancada. Sofri.
Os meus olhos foram-se habituando à luz, e acabei por descobrir mil cores, tonalidades que nunca antes tinha saboreado, poesias em forma de gente, de mar e de sol, catedrais verdes e melancólicas, lindas, puras.
Será que o meu verde é igual ao dos outros? Por vezes imagino que aprendi que o mar é azul, e o meu azul é tudo o que se aproxima da cor do mar. Mas e se eu vir o mar encarnado? Se o meu azul for o encarnado dos outros? Nunca vamos conseguir descobrir, porque os conceitos são idênticos, o conteúdo é que pode ser diferente!
O resto da minha Vida eu vou dizer que o mar é azul, que as plantas são verdes, que os dentes são brancos e o sangue encarnado, e se alguém vir o Mundo em tons diferentes tenho muita pena, porque o meu Mundo é lindo!
Quis agora encontrar-me, ver de cima quem ocupa o meu trono, esse ser superior que me ordena e a quem sou submissa. Eu mesma me sirvo e sou servida, sou rainha e escrava do meu castelo, em simultâneo.
Por vezes imagino que nasci com uma dor terrível que não consigo percepcionar. Só quando ela desaparecer é que vou compreender que vivi com ela até então. Como quando tenho, de facto, uma dor e só quando ela passa dou verdadeiro valor a não a ter. Assim é a minha Vida, cheia de experiências e pessoas maravilhosas, outras péssimas, e outras quantas nem boas, nem más.
Todas me tornam quem sou.
Mas e se todos os que me rodeiam desaparecessem? Quem sou sem tudo o que vivi? Quem sou eu fora do meu Mundo, das minhas pessoas e vivências? Quem sou eu na essência, antes de tudo o resto? Antes de mim mesma e de quem me tornei?
3 comentários:
penso imenso nisso, mas penso assim: quando estás fora podes sem quem quiseres, começar de novo, do zero. mas eu não quero ser quem eu quiser... quero ser eu. com as minhas experiências, os meus azuis e verdes, e com o que fica para trás.
essa é que a verdadeira riqueza. ser eu em qualquer país, em qualquer cidade.
beijinho
Querida Rita,
Tudo o que tu dizes é verdade, até porque, tudo o que vemos e vivemos vai sempre carregado das circunstâncias em que vivemos no presente e da marca das circunstâncias passadas, cujas cicatrizes são como pontos da nossa retina que nunca mais permitirão que vejamos as coisas como se não as tivessemos vivido.
A tua retina, o teu verde, o teu mundo é só teu porque só tu viveste a tua vida e tiveste esse conhecimento.
Talvez Ele consiga ver o teu verde, o teu azul... acredito que sim e que por isso é que nos sentimos sempre tão compreendidas quando nos entregamos ao Pai.
Um beijo amigo... castanho
É a sensação de que tudo o que passa por mim se torna meu, se torna Eu. Estou quase a fazer anos e dou por mim a olhar para trás e só consigo pensar em uma coisa: tudo mudou, Eu mudei. De repente parece que nada é como antes, mas é precisamente porque tudo se torna meu e o meu Eu altera-se, evolui, não necessariamente para melhor, nem tampouco para pior. É simplesmente uma constante metamorfose. E eu não a posso parar. O verde passa a ser o teu verde. Tu passas a ser aquele verde também!
Rita, adoro ler-te assim, a sério! Tenho muitas saudades mesmo. Votos de uma g'anda Páscoa para ti!
ALice
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