terça-feira, 28 de abril de 2009

Estar a viver noutro país é como se invertesse uma predisposição sobrenatural qualquer. Por vezes penso o que seria ter nascido aqui, esta ser a minha casa, alguém aqui ser a minha família, estes serem os meus verdadeiros amigos.
Mas não. A verdade é que vivo uma telenovela, fala-se brasileiro e tudo, e esta vida é minha temporariamente. A personagem Ritu é mais ou menos igual à Rita, mas o cenário e os actores que contracenam são outros. Podia ter criado alguém diferente, há quem o faça, agir de forma distinta, fazer um piercing, uma tatuagem. Mas não. Não sou boa actriz, mais, não tenho paciência para fingir! Prefiro ser quem sou e observar como uma mesma pessoa se adequa a culturas e pessoas totalmente diferentes. Sou aceite da mesma forma? Sou amada ou odiada da mesma forma? Sou melhor? Sou pior? Sou eu que me faço ou a imagem que os outros têm de mim é que me define?

Uma coisa que descobri de diferente, e que estou a achar bastante graça, é aos meus estados de espírito. Não costumo estar muito sozinha em Lisboa. Aqui estou bastante, vivo sozinha e isso faz toda a diferença. Como nunca vivi sozinha antes não sei se o que sinto é simplesmente por essa diferença, ou se estar no Brasil é condição. Sei que aqui quando estou feliz ou triste, pensativa ou parva, estou e ponto final. Não tenho ninguém para me condicionar, seja isso bom ou mau. Se estou pensativa fumo um cigarro e escrevo. Se estou parva telefono a alguém e vou beber um copo. Se estou deprimida choro, sem nenhum ombro. Se estou feliz rio-me e penso que a Vida é, de facto, uma experiência fantástica. Acho que vou mais a um extremo e a outro, os dias em Lisboa são mais lineares, aqui deixo-me ir pelas minhas emoções.
Percebo que sou mesmo uma pessoa alegre e de bem com a Vida, que neste expoente de plenitude comigo mesma, sem condicionalismos e fachadas, continuo a ser quem sempre conheci em frente ao espelho.

É bom saber que sou uma pessoa verdadeira mesmo na inconsciência apática a que muitas vezes estamos entregues na nossa Vida. Sou feliz.

3 comentários:

Rosa disse...

Isso é crescer, querida amiga.
Beijo com muitas saudades

Leonor disse...

Só por tudo isto, já vale mesmo a pena. Deve ser estranho e intenso, teres todos estes sentimentos e teres que os encarar de frente. De facto, recorremos sempre a quem temos ao lado para partilhar todos os estados de espírito, bons e maus e quase nunca tomamos a decisão de estarmos sozinhos, só o fazemos por impusição. A verdade é que quando o fazemos tomamos as rédeas e ficamos orgulhosos de nós próprios! Ri, tenho muito orgulho do que és e de como decides viver dessa maneira tão contagiante e feliz. Talvez por isso também nos fazes tanta falta...

alexandre disse...

Tu és a maior delas todas!!! Fiquei contente de conhecer alguém que em Lisboa (ou onde quer que estejamos a seguir) me acompanha na parvoíce!!
Isto é que vão ser umas noites de Bairro e Lux LOUCAS!!!!!!

(Devias ter vindo pró Rio, o Maracanã n é o mm sem os teus gritos LOLOLOL)

Bjuns